Tuesday, July 01, 2014

Poema de motivação


-------- Original Message --------
Subject: Candidatura Projectos de empreendedorismo social
Date: Tue, 01 Jul 2014 12:54:40 +0100
From: Diogo Cordovil S. Cordeiro
To: empreendedor@fundacaomais.org, job@fundacaomais.org, geral@fundacaomais.org


Bom dia,

Desde já agradeço a vossa resposta e, no seguimento da mesma, venho 
apresentar a minha candidatura.

Em anexo coloco o CV.

Agora, porque é que me candidato ?

É simples : porque para mim faz sentido poder contribuir para o 
bem-estar comum.

Não escrevi uma "carta de motivação"

Prefiro chamar-lhe um poema de motivação.


Andava eu desde 2011 "acordado".
Na realidade acho que já foi lá para 2008 que comecei a ganhar consciência.
Em verdade talvez tenha sido antes.
Para quê, perguntará quem me lê.
Ainda estou a descobrir, pois é essa a verdade,
Se é que podemos dizer que existe a verdade nesta coisa que é a vida
Em realidade, (ou em verdade?),
hoje acho que há muitas pessoas preocupadas em descobrir a verdade que 
se esquecem da realidade.
É, é isso que eu tenho vindo a fazer, acordar para a realidade. Já cá 
estava, e muitas coisas já fazia por achar bem.
De uma educação católica, a uma passagem intensa pelos escuteiros, a 
serviço de voluntariado com a Igreja e com a sociedade civil.
É, achava bem muitas das coisas. Vivia, deixando andar.
Hoje sei que não sei ser poeta,
Não se pode saber aquilo que está por criar.
Há que saber aprender portanto.
Há que saber relacionar.
Há que saber respirar.

A informação chora a toda a hora, na medida em que julgamos o que ouvimos.
As pessoas na rua andam preocupadas com a vida.
É a Crise, maldita! crise, mais de 40 000 pessoas ficaram sem acesso ao 
RSI - Rendimento Social de Integração, dizia uma notícia de há dias.
Há icebergs a derreter e percebi que alguém referiu também que numas 
décadas neste país serão uns 4 ou 6 milhões.
É, verta eu uma lágrima por cada notícia que oiço, então qual iceberg 
qual quê.
Serão essas lágrimas que inundarão o mundo.
E, enquanto ser humano que julgo ser, ofereço-me a liberdade de não chorar.
Pois gosto de viver.

Este ano conheci uma pessoa que recebe uma pensão social e uma pessoa 
que (ainda) recebe o RSI.
Pessoas com uma história de vida. Pessoas capazes de serem si próprias.
Pessoas, definindo-as o que define outras tantas : Vivem.
Umas choram, outras gritam. Sentem, emoções, respiram.
Recebem um cumprimento, oferecem um sorriso.
Queixam-se do instante da era que vivem e agradecem.

Ao mesmo tempo, observo, hoje ao longe, um conjunto de pessoas que em 
sofrimento vão trabalhar.
Verão, temperaturas acima dos 30 graus, e vejo homens vestidos de fato e 
gravata. Às vezes ainda sou eu.
Depois observo outras tendências. A tendência do calção para o trabalho. 
O estilo livre. O estilo com propósito.
Vamos mudar o mundo. Acredito no que faço. Isto é apenas uma forma de 
poder fazer o que quero.
São observações que me emergem.

E as pessoas vivem, continuam a viver. Precisam de viver.

Há a guerra das sementes e a batalha contra o cancro.
Há a procura da fonte de energia eterna.
Há o tal um por cento da população.

E depois há outros como eu, que vou conhecendo.
Uns tipos Sem Medo, muitos Joões com nomes diferentes.
Eu começo na verdade (real ;-) ) a achar que aquilo de que não tenho 
medo é de ter medo.

É, é este medo de não ter medo
É esta consciência de que tudo passa.
É esta consciência do meu ser.

Que me faz querer contribuir para o bem-estar comum.
Porque é realmente essa a única forma que conheço de eu também estar bem.

E se me derem os recursos, os €, os meios, os contactos, sem eu ter de 
trabalhar,
Fantástico, poderei então começar a criar.